
Fortaleza
(In) Movimento
Mobilidade e Acessibilidade Urbana são desafios em Fortaleza
Os problemas de acessibilidade enfrentados pelos fortalezenses estão cada vez maiores, com a facilidade de acesso ao transporte particular e a falta de investimento por parte do governo municipal em transporte publico.
Por: Carla Raquel, Lise Ane Alves e Wagner Mendes
O conceito de mobilidade está relacionado com o de acessibilidade, que é utilizado para evidenciar o uso dos espaços físicos, e é direito de todo cidadão. Dessa forma, a promoção da acessibilidade requer a identificação e a eliminação de qualquer tipo de barreira que impede o indivíduo de realizar atividades e exercer funções na sociedade em que vive.
A infraestrutura de mobilidade urbana deve acompanhar o crescimento das metrópoles, garantindo, assim, que as pessoas tenham a sua disposição um serviço de qualidade se deslocando sem transtornos. O que se observa atualmente são calçadas estreitas, ônibus lotados nos horários de pico, número insuficiente de coletivos que compõem o transporte público, grandes congestionamentos, ruas esburacadas, e ausência de árvores. Lixeiras em lugares irregulares, carros estacionados em locais proibidos... Fatos que dificultam o transitar dos pedestres. Os investimentos em mobilidade urbana na capital cearense, portanto, não acompanham seu crescimento populacional.
Locomoção
O crescimento de veículos nas cidades é maior que o número de pessoas, de acordo com o Observatório das Metrópoles com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). De acordo com a Associação Nacional de Transportes Públicos, “a população dos municípios com mais de 60 mil habitantes fizeram, em 2011, 61,3 bilhões de viagens. Isto corresponde a cerca de 200 milhões de viagens por dia. As realizadas a pé e em bicicleta foram a maioria (24,7 bilhões), seguidas pelo transporte individual motorizado – autos e motocicletas (19,0 bilhões) e pelo transporte coletivo (17,7 bilhões).”
O crescimento acelerado das cidades é um dos fatores que impedem o acesso livre das pessoas nos centros urbanos. Quando se fala em acessibilidade não inclui apenas aqueles que possuem limitações físicas, mas também as pessoas que não têm acesso, ou possuem restrições à infraestrutura urbana no sistema viário, como ausência de calçadas, ou calçadas sem condições de uso, vias degradadas, falta de segurança para se deslocar a pé ou de bicicleta, aumento do risco de acidentes de trânsito, linhas deficitárias de transporte público, ônibus velhos etc.
Como resolver os problemas de mobilidade e acessibilidade em Fortaleza
Para assegurar mobilidade e acessibilidade urbana de qualidade é preciso que as políticas e as ações das gestões busquem atuar de forma articulada entre o ambiente natural, o planejamento urbano e o de transportes. Na cidade de Fortaleza, a mobilidade urbana é um problema a ser resolvido. Assim como nas maiores cidades do país, a capital tem um crescimento populacional constante, e com isso vem se tornando difícil a locomoção de pessoas e meios de transporte nas vias da cidade.
No ano de 2014 a Prefeitura de Fortaleza anunciou projetos para melhorar a mobilidade. Uma das primeiras foi a melhoria dos pontos críticos de trânsito na Avenida Osório de Paiva e no Centro de Messejana, entre as mudanças está a sinalização. As ruas do Centro de Fortaleza também entram nos planos de melhoria, onde um dos objetivos é proporcionar um estacionamento rotativo na área.
Outra obra entregue pela Prefeitura de Fortaleza foi o binário das Avenidas Dom Luís e Santos Dumont. Com estas mudanças ela acredita que vá estimular o uso do transporte público, promover o uso das ciclofaixas, e melhorar a fluidez no trânsito. (Veja vídeo com depoimento do prefeito Roberto Cláudio).
A construção de viadutos em Fortaleza para melhorar o fluxo de veículos causou divergências. Vários urbanistas apresentaram propostas que substituem a construção dos mesmos na cidade. “Os viadutos degeneram o tecido urbano envoltório”, de acordo com José Sales, professor de Arquitetura e Urbanista da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A Prefeitura de Fortaleza tem que estar preparada para o crescimento da população. Observe os dados abaixo e veja como foi o crescimento de veículos na cidade, de acordo com dados do IBGE, no ano de 2013:
Em entrevista à reportagem, Marcelo Mota Capasso, professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifor e mestre em Gestão Urbana pela Universidade Técnica de Berlim, criticou as obras de mobilidade na Capital cearense. Segundo ele, as obras do governo de Fortaleza se caracterizam como “paliativas” e que não são garantia de que o transporte público vai melhorar nos próximos anos. Confira entrevista.
De acordo com Capasso, o sistema viário deve ter como objetivo principal a garantia de um espaço urbano voltado para as necessidades de deslocamento de pedestres, ciclistas e usuários de transportes públicos. É preciso deixar de ter como prioridade única os automóveis particulares. Dessa forma, será possível pensar em mobilidade urbana e acessibilidade universal e sustentável.
Se para a população em geral já é difícil sair de casa, devido aos obstáculos diários, para os portadores de necessidades especiais os desafios são maiores. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem, no Ceará, 2,3 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Cerca de 16,2 mil habitantes possuem comprometimento total da audição. Quase 37 mil apresentam dificuldade motora e não conseguem se locomover de modo algum. Na área da deficiência visual, o Estado contabiliza 24,6 mil pessoas cegas. Fora estes, existem, ainda, os que revelam incapacidades parciais.
De acordo com a lei, promover acessibilidade significa oferecer condições para que estes grupos possam se deslocar, e é dever do município oferecer infraestrutura urbana que possibilite ao deficiente ter autonomia para explorar e usufruir a cidade. O chefe da divisão de planejamento da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Miguel Guimarães, disse que a acessibilidade é uma preocupação do órgão e que até o fim de 2014, toda a frota de ônibus deverá ser composta por veículos adaptados.
Cabe ao governo municipal, estadual e federal, realizar ações para melhorar a questão da mobilidade e acessibilidade, tanto em Fortaleza, quanto no Brasil.




