Fortaleza possui quase um milhão

de veículos circulando diariamente

 

Em dez anos, o número de veículos mais que dobrou.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Jéssica Malheiros, Sara Sousa, Tháysmylly Karen e Valentina Jara

 

Quem dirige pelo trânsito de Fortaleza já percebeu que está cada vez mais difícil se deslocar de um ponto da cidade para o outro. Com a facilidade de obter financiamentos para aquisição de veículos e, encontrapartida, a onda de insegurança no transporte público desestimula o usuário a utilizar o serviço coletivo e faz com que as pessoas optem por veículos particulares.

 

A frota de automóveis em Fortaleza cresce a cada ano, dificultando o fluxo nas vias.

De acordo com os dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), entre 2004 e 2014, o número de veículos mais que dobrou, passando de 441.949 para 921.845.

 

O aumento nesta frota se justifica, proporcionalmente, com a elevação da renda dos cearenses. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) a formalização do emprego chegou a 4,1 milhões de  trabalhadores. O aumento real da renda do cearense e a maior facilidade de acesso ao crédito, contribuiu para o crescimento da frota de veículos.

 

Além do problemas do trânsito na cidade, o grande fluxo de automóveis acarretam aspectos negativos, como a poluição do meio ambiente, saúde pública, acidentes  e o desincentivo ao transporte coletivo.

 

Frota deve ter 2,2 milhões nas próximas décadas

 

Com tantos veículos a expectativa é de que a situação do trânsito em Fortaleza seja ainda pior nas próximas décadas. De acordo com um estudo desenvolvido pelo Sindicato Nacional de Arquitetura e Engenharia (Sianenco), a previsão é de que, em 2040, este número chegue ao triplo da frota atual. A população estimada será de cerca de 4 milhões de habitantes para uma frota de 2,2 milhões de veículos.   

 

Em decorrência deste estudo do Sianenco, divulgado no seminário “De olho no futuro: como estará Fortaleza nos próximos 25 anos”, a Prefeitura municipal de Fortaleza lançou o Plano de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito de Fortaleza (PAITT). Este conjunto de iniciativas propostas pela Prefeitura de Fortaleza buscam melhorar o trânsito e o transporte público da cidade no curto prazo. O Paitt é coordenado com as demais iniciativas de Mobilidade Urbana da Prefeitura de Fortaleza, como o Projeto Fortaleza 2040. 

 

Apesar de a aquisição de um veículo particular ser considerada um aspecto positivo no índice de crescimento de renda per capta, ou sinônimo de qualidade de vida, deve-se levar em consideração que o Governo Federal é quem tem incentivado este setor, quando diminui as taxas do Imposto de Produtos Industrializados (IPI), dando espaço para o crescimento do mercado de automóveis no País, por outro lado, deixa de investir no transporte coletivo e na estrutura das vias.

 

Salomão Lelis, economista do Banco do Nordeste, explica essa estratégia do Governo: “tem momento que o Governo Federal incentiva a diminuição dos impostos e tem momentos que ele os equilibra, o principal é o IPI, imposto de produto industrializado para que o mercado se equacione e não fique desregular”.

 

Conforme Salomão Lelis, o Governo incentiva o seguimento para a manutenção da economia no País, pois, segundo o economista, “a indústria automobilística é importante para a economia pela capacidade de empregos que ela gera, com isso, obtém uma grande fatia do mercado, desta forma o governo depende dessas indústrias para alavancar a economia, por isso as montadoras recebem incentivos fiscais para manter aquecido o comércio da produção de veículos em função da geração de emprego e da economia”, destaca.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

Mais motos que motociclistas  habilitados

 

Não só os carros de passeio que tiveram aumento considerável, mas também as motocicletas. Isso porque o custo é ainda menor para adquirir e manter o veículo.  Dados do Denatran comprovam que Fortaleza possui a terceira maior frota de motocicletas do País, com mais de 188.500 veículos emplacados, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Em todo o Ceará, são mais de 845 mil motocicletas, a maior quantidade do Nordeste.

 

Estes números são referentes aos veículos emplacados, porém o número de motocicletas circulando é maior, principalmente nas cidades do interior. Em Sobral, por exemplo, a frota de automóveis é 74.354, sendo que desses 37.048 são motos e apenas 40.131 são habilitados, de acordo com o Detran-CE. Não é apenas no interior que o fato ocorre, apesar de registrar o maior crescimento de frota. Em dez anos, a frota da Capital cresceu 108,52%, já a do interior atingiu 240,84%. Esse crescimento não tem acompanhado as habilitações expedidas pelo Órgão. Para os 2.453.124 veículos registrados até maio deste ano, existem apenas 1.593.949 habilitados em todo o Estado.

 

Com objetivo de regularizar este situação, o Governo do Estado tem facilitado a aquisição da carteira de habilitação na categoria ‘B’ (moto) para pessoas com baixa renda, através do programa ‘Carteira Popular’, que beneficia, principalmente, moradores de zonas rurais e do interior do Estado. Desde  2005, o programa tem beneficiado  mais de 200 mil pessoas, destas, 100 mil já estão habilitadas. As outras ainda estão participando das aulas legislativas e práticas.

 

Nas grandes cidades brasileiras, o número de acidentes de trânsito é enorme. A maioria constitui-se de abalroamentos sem vítimas e somente com prejuízo material. Em Fortaleza, devido a grande quantidade de interdições e desvios nas principais vias, tem causado além de engarrafamentos irritantes nos horários de pico, o estresse do motorista e falta de atenção, aumentando assim, o número de acidentes no trânsito.

 

 

Poluição

 

Devido ao grande fluxo de carros trafegando por Fortaleza, o índice de emissão de CO2 por veículos particulares vem aumentando. Cerca de 25% de gás carbônico é responsável pela poluição da cidade nos últimos três anos. Já em relação a outros gases como o monóxido de carbono (CO) e óxido de Nitrogênio (NOx), houve queda em suas emissões, mesmo com o aumento da frota de veículos, segundo a reportagem de Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN.

 

Sabendo dessa redução na emissão de outros poluentes, o Inventário Nacional de Emissões por Veículos, divulgado em junho pelo Ministério do Meio Ambiente, informa que ainda é preocupante o excesso de veículos, principalmente de passeio, nas médias e grandes cidades, pois dificulta cada vez mais as alternativas de melhoria no fluxo instantâneo e outras opções de transportes menos poluentes.

 

Depois que foram criados carros com motor flex (movidos a gasolina ou álcool) - motor que já existe com mais sensores e sistema de injeção e ignição adaptados a cada tipo de combustível, o índice de poluentes emitidos no meio ambiente diminuíram.

 

A alternativa dos motores flex surgiram com o intuito de diminuir a emissão de gases poluentes. No entanto, de acordo com o pesquisador, Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, na prática, nem sempre isso ocorre. “O carro flex queima de forma incompleta, tanto gasolina quanto álcool. Dependendo da fábrica, o motor pode queimar melhor álcool do que a gasolina, sendo mais benéfico ao meio ambiente. Em outros veículos, ele pode queimar melhor a gasolina, gerando mais poluição”, explica.

 

Em virtude da consciência ambiental sobre os malefícios causados ao meio ambiente, em consequência da queima do petróleo pelos veículos com motores de combustão interna, os veículos elétricos se tornou a melhor opção para tráfego na cidade. Esse carro além de possuir menor índice de poluição, pois atuam de forma sustentável com suas baterias recarregáveis e recicláveis, eles também possuem maior eficiência do motor; zero- emissões em utilização; condução silenciosa; melhor no custo de utilização; travagem regenerativa e menos impostos.

 

Como forma de alternativa para a melhoria do fluxo na cidade, a atual gestão da Prefeitura de Fortaleza tem como objetivo priorizar e dar maior qualidade ao transporte público e coletivo na Capital, a fim de que as pessoas se sintam mais incentivadas. Segundo a Secretaria de Infraestrutura do Município, outro fator que facilita também são as obras que estão sendo realizadas com implantação de 130 quilômetros de corredores de ônibus, num montante de investimento de aproximadamente R$ 1,5 bilhão.

 

Saúde

 

Nas grandes cidades brasileiras, o número de acidentes de trânsito é enorme. A maioria constitui-se de abalroamentos sem vítimas e somente com prejuízo material. Em Fortaleza, devido a grande quantidade de interdições e desvios nas principais vias, tem causado além de engarrafamentos irritantes nos horários de pico, o estresse do motorista e falta de atenção, aumentando assim, o número de acidentes no trânsito. Mas isso não se deve apenas ao trânsito, muitas vezes, o problema poderia ser evitado, se ações fossem cumpridas desde cedo. Por exemplo, está atrasado? Quanto antes sair, mais pontual irá ser, correto? Motoristas não pensam assim. Apenas buzinam e se desesperam, o que leva a mais acidentes e discussões no trânsito.

 

Alguns acidentes acabam sendo mais graves que outros e acabam tendo finais fatais ou deixando sequelas para o restante da vida, como no é o caso dos atropelamentos de pedestres e dos acidentes com motos. Os motoqueiros estão por toda a parte, e devido ao estresse diário, os motoristas de veículos maiores estão prestando cada vez menos atenção ao trânsito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Segundo o hospital municipal de Fortaleza, Instituto Dr. José Frota (IJF), em 2013, cerca dos 1.367 atendimentos foram realizados mensalmente e aproximadamente 880 eram referentes a acidentes com moto, o que representava cerca de 30 vítimas por dia.

 

A maioria dos acidentes ocorre durante viagens de feriados, férias ou até viagens de finais de semana fora da capital, a falta de atenção no trânsito está cada vez maior, as atenções são desviadas por aparelhos celulares, músicas e principalmente as chuvas nas estradas, época em que o risco se torna ainda maior e o índice de acidentes aumenta.

 

Devido ao estresse diário da cidade, a paciência de dirigir e ter atenção diminui cada vez mais, o que faz, logicamente, dobrar o número de acidentes. Os motoqueiros deslizam-se rapidamente entre os carros, o que facilita que se acidentem com uma maior facilidade.De acordo com o IJF, durante a semana, cerca de 30 pessoas dão entrada no hospital, vitimas de ferimentos em acidentes de motos. Esse número no fim de semana, cresce para o dobro.

 

De acordo com os Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), em cerca de 20 anos, os acidentes de trânsito poderão matar mais pessoas no mundo, principalmente jovens, do que a doença da AIDS.

 

Para evitar acidentes, especialistas afirmam que não basta somente reclamar, e sim, fazer a mudança, evitar o estresse diário, pelo menos no trânsito e dirigir com maior atenção.