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Vôlei e Estudo, essa é a fórmula que os irmãos, Allison e Wadson, usam para ajudar jovens no Jardim das Oliveira, em Fortaleza

 

“O esporte me permitiu realizar vários sonhos, e é isso, que tento passar para esses jovens, sempre que possível, no final do treino fazemos uma roda para refletir como é bom fazer coisas boas”.

Wadson Mendes

Voluntariado é um conjunto de ações sociais que tem como finalidade o trabalho em favor da comunidade, sem fins lucrativos. Foi com esse pensamento, que o ex-jogador profissional de vôlei, Wadson Mendes, 38, teve a ideia de doar parte de seu tempo, para ensinar vôlei aos jovens de sua comunidade.

 

A simples boa vontade de querer ajudar, deu tão certo, que hoje, a ideia se transformou na Escolinha AWN2, que conta com 60 jovens, e funciona todas terças e quintas, das 18h às 22h, na Praça da Igreja Santa Luzia, no bairro Jardim das Oliveiras.

 

“Tudo começou quanto eu tinha 13 anos, vinha para pracinha assistir o pessoal jogar, foi quando um rapaz me convidou para treinar, nunca havia jogado, acabei indo, nunca mais parei, me tornei profissional, e fui convocado para seleção brasileira de vôlei de praia. E foi essa oportunidade que tive, que tento dar para os jovens do projeto”, explica Wadson.

 

Para tocar o projeto ele conta com ajuda do irmão Alisson Mendes, professor de vôlei, e sua irmão Nayana Mendes, atleta universitária. “Precisei me afastar um ano do projeto, para ir jogar no Rio de Janeiro, pensei em acabar, foi quanto meu irmão Alisson, falou que assumia a Escolinha. Fiquei acompanhado o projeto de lá, passava as aulas para ele aplica aos alunos. Depois de alguns meses, Alisson me falou que a Escolinha havia crescido muito, fiquei muito feliz, e quando voltei, tomei um susto com a quantidade de alunos, para quem havia começado com quatro jovens!,” cometa empolgado Wadson.

 

Segundo o idealizador, nem tudo foram flores. No começo houve resistência de alguns jovens da comunidade em relação ao uso da quadra. Para conquistar os dois dias na semana, os irmãos tiveram que ter muita paciência, e ir negociando aos poucos. Às vezes, quando chegavam para treinar os buracos de colocar as traves para fixar a rede estavam tampados com cimento. “Nunca tivemos certeza de quem fazia isso, mas com o tempo, o pessoal foi aceitando, e hoje nosso horário é oficial, e respeitado por todos moradores”. Afirma os irmãos Mendes.

 

Matheus Rodrigues, 15, está no projeto desde o começo, “no início vinha mais pela brincadeira, depois vir que a coisa era sério, que a gente não aprendia só vôlei, os irmãos relacionavam o estudo com o esporte, com isso, evolui muito”. Afirma o jovem.

 

A Escolinha foi fundada em 2009. Todo ano é feito um tornei para comemorar seu aniversário, onde os atletas são premiados com troféus e medalhas. O esforço é grande, pois são poucos que colaboram financeiramente para a realização do evento. Wadson lembra que uma minoria da comunidade acha que ele ganha dinheiro com a escolinha, “só para se ter uma ideia, eu ligo para Confederação de Vôlei em Alagoas, onde joguei profissionalmente e fiz boas amizades, para pedir bolas, e sempre me mandam, por conhecer a seriedade do meu trabalho” expressa o ex-atleta.

Ser voluntário é um trabalho nobre que engradece o ser humano, mas não é fácil dedicar seu tempo livre a um trabalho sem nenhum fim financeiro, mas para os irmãos Mendes fica nítido o amor que eles têm pelo vôlei, “o esporte me permitiu realizar vários sonhos, e é isso, que tento passar para esses jovens, sempre que possível, no final do treino fazemos uma roda para refletir como é bom fazer coisas boas”. Fala Wadson, a respeito de ser voluntário.

 

A escolinha não tem nenhum vínculo com a associação ou partido político, por esse motivo, é cobrado uma taxa de 20 reais por mês, para a manutenção dos equipamentos esportivos. O ex-atleta fala que quando sobra algum dinheiro ele usa para comprar tênis para os jovens mais necessitados. A quadra está com o alambrado todo quebrado, os irmãos usam uma rede de nylon para que as bolas não batam nas casas. Wadson afirma que já receberam várias promessas da Prefeitura, que vão reformar a Praça, mas até o momento desta reportagem nada foi feito.

 

Moradores de outros bairros procuram a Escolinha com frequência. Wadson conta que a aluna Alice de 15 anos, mora no Eusébio, percorre 15 km duas vezes por semana só para treinar no projeto, e o pai da jovem faz questão que ela pratique vôlei com os irmãos Mendes. A reportagem foi interrompida por uma mãe que gostaria de matricular sua filha no projeto. “A única exigência é que o jovem não repita ano na escola, se isso acontecer, ele fica fora do projeto, e só retorna quando passa de série,” explica Wadson.

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